terça-feira, 4 de maio de 2010

A solidariedade com a Grécia segundo Manuel Alegre

Ouvi ontem o putativo candidato do PS falar sobre a ajuda portuguesa à Grécia, concordando com os 2,2 mil milhões de euros que vão a caminho de Atenas. Disse o senhor Manuel Alegre que temos que ser “solidários com a Grécia, até porque um dia, quem sabe, seremos nós a precisar”. Este conceito de “solidariedade” coloca o termo ao nível de uma apólice de seguro. Pago um preço hoje, garantindo uma indemnização amanhã, caso a catástrofe me venha a atingir a mim.

Esta declaração de Alegre, que não parece ter chocado ninguém, coloca na lama todas as 37.457 vezes em que Alegre usou a palavra “solidariedade” nos seus poemas, levando-me a questionar também quais os seus conceitos acerca de termos como “liberdade” e “fraternidade”, igualmente muito comuns nos seus escritos literários e discuros políticos, indiscriminadamente.

Que a política é um jogo de interesses, já todos sabíamos. Que Alegre não tem feito outra coisa do que tentar (mal) jogar esse jogo, também. Mas escusava de andar por aí a deitar abaixo algo que durou décadas a convencer-nos: que é um homem de convicções.

Sem comentários:

Enviar um comentário