quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Há cinco anos, escrevi a Cavaco sobre as dificuldades nas Assembleias de Voto

Há cinco anos fui votar nas presidenciais. Nos 20 anos anteriores, votei sempre na Freguesia de Santa Marinha, Vila Nova de Gaia. Sempre com a mesma morada. Trata-se de uma das mais populosas freguesias urbanas de uma das maiores cidades do país. Dessa, como de outras vezes, tive enorme dificuldade em encontrar a minha assembleia de voto. Calculo que em 15 ou 16 actos eleitorais, sem nunca mudar de morada, tenha votado em 13 ou 14 lugares diferentes, de uma ponta à outra da freguesia. Dessa vez, a minha assembleia de voto estava localizada num edifício particular, pertencente a umas caves de Vinho do Porto, que mais pareciam um barracão em ruínas, velho e cheio de teias de aranha. Chegar ao local tornou-se num pesadelo, uma vez que a zona é de ruas estreitas e limitadas quanto à circulação e trata-se da zona mais turística da cidade. Num domingo normal de sol, chegar ao Cais de Gaia pode demorar 40 minutos e o estacionamento é impossível. Com assembleias de voto pelo meio… piora muito.
Escrevi então à CNE, reclamando e chamando a atenção para a constante e labiríntica dificuldade que estava a ser criada ao eleitor em Vila Nova de Gaia, onde os níveis de abstenção, não estranhamente, são muito elevados. A resposta da CNE foi que não era nada com eles. Não cabe à CNE escolher os locais de voto. À resposta lacónica, respondi ao e-mail com um: “que se lixe, portanto…”, não recebi mais qualquer comentário daquela entidade.
Escrevi então ao Professor Cavaco Silva, então acabado de ser eleito, explicando-lhe as minhas dificuldades para exercer, em Vila Nova de Gaia, o meu direito e dever cívico. Eu, que sempre fui eleitor de Cavaco, sempre que este se tinha apresentado a eleições. Nunca me respondeu ou sequer acusou a recepção da minha carta.
Na eleição seguinte, lá fui de novo votar, de novo em nova localidade, nova mesa de voto, novas dificuldades em encontrar o local certo. Apresentei reclamação ao presidente da Assembleia de Voto. Mas no acto seguinte… a minha mesa já era noutro ponto da freguesia.
Nestas eleições não votei. Se a CNE não tem nada a ver com as dificuldades de um cidadão em encontrar a sua mesa de voto, se a Assembleia de Voto se está a borrifar, se o Presidente da República de quem era confessadamente eleitor não quer saber, quem sou eu para me preocupar com esta gente e, como o meu voto, alimentar o grosso cheque de subvenções estatais que os políticos recebem sempre que neles votamos?
Se tenho pena? Tenho! Se tenho vergonha de ser português? Também!

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