sábado, 2 de abril de 2011

A nova A41, a mentira e a necessidade de julgar os criminosos

Hoje viajei pela CREP. A famosa A41 inaugurada quinta-feira por um Secretário de Estado às onze da noite. Uma obra admirável, de mais de 300 milhões. Pontes, túneis, “obras de arte”, como lhe chamam em construção civil. Três faixas de cada lado e placas muito azuis a indicarem nomes de aldeias e pequenas localidades que, agora, passam a ser servidas por uma Auto-Estrada. À medida que “engolia” quilómetros (devo ter-me cruzado com três carros, no máximo), perguntava-me: para que é que isto serve?
A minha reflexão levou-me a lembrar daquele administrador de uma universidade privada que, segundo contou o próprio, era capaz de gastar 500 contos em charutos em dois dias, mas faltava-lhe o dinheiro para pagar a luz.
Portugal é assim. A A41 (ou CREP) é um luxo a que nem os países mais ricos do Mundo se poderiam dar neste momento. Um luxo, até do ponto de vista ambiental, muito duvidoso e agressivo. Mas Portugal pode. Quando foi projectada, esta absurda Auto-Estrada deveria ser SCUT. Ou seja, sem custos para os utilizadores. Assim nos a “venderam”. E disseram-nos que iria retirar uns largos milhares de carros do centro do Porto.
Nem uma coisa nem outra. A A41 não apenas ficou pronta depois de morrerem as SCUTS como é inaugurada não com os moderníssimos pórticos que agora taxam os automobilistas nas mesmas, mas com as velhas “praças de portagem” que ainda cobram nas outras. E isto quer dizer o quê? Não apenas que o sistema moderninho que Lino inventou para cobrar os pobres do Norte do País faliu e não serve, como também – e sobretudo – que as populações servidas por esta A41 (CREP) ou seja lá o que for (uma suposta SCUT) não vão ter direito à “descriminação positiva” que serviu para “calar” os mais incorformados.
A A41 não chega, portanto, a ser uma “ex-futura SCUT” e as populações de Sandim, Recarei, Foz do Sousa, Medas e outras localidades do género, serão afinal – e apesar de terem auto-estrada – ainda menos que outros “desgraçados” do Vale do Sousa, região considerada das mais pobres da União Europeia… pobre, mas agora com atravessada por “QUATRO AUTO-ESTRADAS”, todas portajadas.
Esta minha “aventura” de sábado de manhã na CREP, custou-me 2,90 euros.

Nos últimos dias, algumas figuras comprometidas com a História recente de Portugal, como Mário Soares, apressaram-se a dizer que “agora não importa saber de quem são as culpas do estado a que chegámos”. Pois eu acho que um Estado sem memória é como crimes sem culpados. É um Estado ruinoso e que apenas pode caminhar para o abismo. Se inteligências pardas como Mário Lino e José Sócrates inventaram ou mandaram empolar números de futuros utentes que sustentassem obras impossíveis, como esta Auto-Estrada, TGV’s e Aeroportos (como parece ser cada vez mais evidente em todos esses casos) e nos levaram à absoluta e humilhante ruína, então – e antes de tudo – é importante que se saiba que irão ser julgados e condenados. A desculpabilização permanente da gestão danosa e ruinosa do Estado trouxe-nos não apenas à miséria mas também ao despudor. E só a Justiça pública e impiedosa pode devolver-nos a prespectiva de sermos melhores.
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