Já uma vez escrevi sobre o nosso “jeito” para o turismo, a propósito dos barcos que em Vila Nova de Gaia se interpõem entre o turista que utiliza o Cais de Gaia e a paisagem classificada pela UNESCO do outro lado do rio. Os barcos, os autocarros, as carrinhas…
Pois o nosso “jeito” para o turismo está por todo o lado. Vejam lá quem hoje, em Lisboa – a cidade que eu julgava ter um presidente de Câmara “inimigo” do automóvel e muito progressista nessa matéria – pude constatar com os meus próprios olhos que também a capital do país, tem um “jeitaço” para tratar bem quem a visita.
Quando tomava uma “imperial” na esplanada da Praça da Figueira da Pastelaria Suíça, reparei que com dificuldade poderia ver ou fotografar o Castelo de São Jorge. Na verdade, a Praça da Figueira é um ponto de encontro de turistas, mas apenas porque ali se apeiam e se “montam” em autocarros de dois andares para visitarem a cidade. As máquinas, por ali circulam, param, permanecem de motores ligados durante meias-horas. Além desses autocarros de turistas, ainda passam autocarros normais, carros ligeiros, carrinhas que fazem cargas e descargas às quatro da tarde e assim evitam que a Praça da Figueira seja um sítio tolerável, quanto mais aprazível.
Portugal é assim. Tem lugares magníficos, obras fantásticas. Tem sol e tem até presidentes de Câmara cheios de discursos contra os carros nas cidades, contra os carros sem catalizadores e contra os “velhos do Restelo” que nada os deixam fazer. Mas esquecem-se que turismo não é colecionar “camones” aos magotes e enfiá-los em autocarros para lhes mostrar uma cidade que, depois, não lhe podem mostrar. Pelo menos a Praça da Figueira não lha podem mostrar, apesar de ser lá que os enfiam nos autocarros.
Saí, desiludido com a quase certeza de que o paradigma do turismo em Portugal, como fonte de “desenrascanso” da crise, já está perdido. A certeza veio minutos depois, quando contornei o quarteirão e deparei, em pleno Rossio, com uma interminável fila de parolos que queriam entrar num monte de plásticos insuflados patrocinados por um supermercado. Era o “festival de não sei o quê”. Pensei: "que cidade tão linda e que estúpidos somos ao tratar desta forma o nosso património e os nossos valores".
Já em plena Rua Augusta – a rua que sempre almejávamos no Monopólio – ainda pude fotografar esta montra, que sobrava de uma tarde em Lisboa, com muita vontade de me por a andar dali para fora e ver-me livre deste turismo “luso” que não conseguimos evitar.
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Pois o nosso “jeito” para o turismo está por todo o lado. Vejam lá quem hoje, em Lisboa – a cidade que eu julgava ter um presidente de Câmara “inimigo” do automóvel e muito progressista nessa matéria – pude constatar com os meus próprios olhos que também a capital do país, tem um “jeitaço” para tratar bem quem a visita.
Quando tomava uma “imperial” na esplanada da Praça da Figueira da Pastelaria Suíça, reparei que com dificuldade poderia ver ou fotografar o Castelo de São Jorge. Na verdade, a Praça da Figueira é um ponto de encontro de turistas, mas apenas porque ali se apeiam e se “montam” em autocarros de dois andares para visitarem a cidade. As máquinas, por ali circulam, param, permanecem de motores ligados durante meias-horas. Além desses autocarros de turistas, ainda passam autocarros normais, carros ligeiros, carrinhas que fazem cargas e descargas às quatro da tarde e assim evitam que a Praça da Figueira seja um sítio tolerável, quanto mais aprazível.
Portugal é assim. Tem lugares magníficos, obras fantásticas. Tem sol e tem até presidentes de Câmara cheios de discursos contra os carros nas cidades, contra os carros sem catalizadores e contra os “velhos do Restelo” que nada os deixam fazer. Mas esquecem-se que turismo não é colecionar “camones” aos magotes e enfiá-los em autocarros para lhes mostrar uma cidade que, depois, não lhe podem mostrar. Pelo menos a Praça da Figueira não lha podem mostrar, apesar de ser lá que os enfiam nos autocarros.
Saí, desiludido com a quase certeza de que o paradigma do turismo em Portugal, como fonte de “desenrascanso” da crise, já está perdido. A certeza veio minutos depois, quando contornei o quarteirão e deparei, em pleno Rossio, com uma interminável fila de parolos que queriam entrar num monte de plásticos insuflados patrocinados por um supermercado. Era o “festival de não sei o quê”. Pensei: "que cidade tão linda e que estúpidos somos ao tratar desta forma o nosso património e os nossos valores".
Já em plena Rua Augusta – a rua que sempre almejávamos no Monopólio – ainda pude fotografar esta montra, que sobrava de uma tarde em Lisboa, com muita vontade de me por a andar dali para fora e ver-me livre deste turismo “luso” que não conseguimos evitar.
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